Um tributo à ESPERANÇA!
"A melhor parte da viagem é o caminho." Que grande bobagem! A não ser que haja algum objetivo no caminho, o prazer de se chegar onde pretende será maior do que o prazer no trajeto. Esse tipo de frase é só uma baboseira motivacional pra você poder continuar a busca pelo seu objetivo apesar da caminhada ser um saco. É mais uma ressignificação. E aí, como você acha que é importante aproveitar a viagem, fica resignado com mais docilidade.
Não digo que não seja bom aproveitar, claro que é. Mas foi o objetivo que me colocou na estrada. Sem o objetivo eu nem estaria na estrada pra início de conversa. O caminho pode me trazer muitas coisas boas, mas sem o destino, provavelmente ele nem existiria.
Ter um objetivo assegura que irei alcançar? Não. Mas ter um objetivo me mantém no caminho. E essa é a importância do caminho. Estar no caminho não garante que chegarei no destino, mas se eu não estiver no caminho posso garantir que não chegarei. O caminho é a demonstração de que há algo que te move a algum lugar.
Aí que entra a esperança.
A esperança é aquele motor que te impulsiona a agir. É a esperança de tomar um café fresco que te faz comprar o pó, o coador, ferver a água e filtrar o café! Pra quê você faria todo esse esforço se não fosse pelo objetivo de tomar o café? Não me venha dizer que passear no mercado pra comprar filtro de papel é melhor do que tomar o café! Por mais que você aproveite o processo, ele só existe por conta da esperança. Da esperança de conseguir o resultado esperado por todo o trabalho feito.
A PNL é baseada em tentativa e erro (TOTS). Oras, e pra alguém ficaria tentando e errando se não fosse para obter o resultado que espera? O objetivo é superior ao caminho, e é a esperança de alcançá-lo que nos impele a colocar o pé na estrada. É por acreditar que algo pode acontecer que agimos.
Esses dias eu ouvi por acaso uma música do Falamansa que cita uma metáfora comum de esperança no mundo artístico. O nascer do sol.
Eu já tinha sido tocado por essa metáfora em duas outras músicas: O Homem, de Raul Seixas e Casinha Branca, interpretada pelo Peninha. Por algum motivo essa metáfora mexe comigo.
Em Casinha Branca, o autor diz que queria ter um lugar de mato verde, uma casinha branca, com um quintal e uma janela para ver o sol nascer. Esse sol não é aquele que nasce todo dia, é muito mais do que isso.
Já Raul Seixas me causa uma vontade de viver, dizendo "quero estar vivo para ver o sol nascer". Muitas vezes apenas continuar vivo é um desafio. Mas se o sol nascer e eu não estiver vivo, não terei a oportunidade de contemplá-lo! Então só a esperança de que ele vá nascer pra mim em algum momento já é o suficiente pra que eu viva mais um dia.
E então chegamos no Falamansa, que é o mais realista de todos: "Se o sol brilhar de novo no horizonte, avisa. E pode ter certeza que eu tô lá pra ver."
Ele sabe que pode ser que o sol não brilhe, mas espera que brilhe. Porque se brilhar, estará lá.
E é isso que eu queria fazer brotar em você nessa leitura. Ter esperança não significa ter certeza de que vai dar certo, mas sim ter algo que te permite agir e continuar. Pode ser que a gente esbarre no coador e derrame todo o café. A esperança não se concretizou, mas foi por conta dela que eu percorri todo aquele caminho que, sem ela, não existiria.
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