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Nosso instinto mais forte não é SOBREVIVÊNCIA!

No livro Tenha Agora a Vida Que Quer, o co-criador da PNL, Richard Bandler, conta uma conversa que teve com Virginia Satir, uma grande terapeuta familiar.

"O instinto mais forte nos seres humanos não é o da sobrevivência. Virginia Satir disse-me uma coisa que ecoa em mim há 40 anos: "Qual achas que é o instinto mais forte?" Como um robô, respondi: "Sobrevivência". Pra mim sempre fora o instinto mais forte. E ela afirmou: "Não, Richard. O instinto mais forte nos seres humanos é a necessidade de olharem para o familiar." As pessoas aterrorizam-se com o desconhecido. Na realidade, às vezes as pessoas preferem matar-se a olharem para coisas novas."


Isso explica muito. De fato se o instinto de sobrevivência fosse o mais forte não haveria suicídio. Entretanto o suicídio costuma acontecer em casos onde o instinto de sobrevivência cai, mas o de permanecer no conhecido não. O instinto de evitar a mudança ou uma vida diferente da que era antes por vezes supera o instinto de sobrevivência.


E aí você poderia me perguntar: "Mas e aquelas pessoas que estão cansadas da sua rotina e partem em busca de coisas novas? Isso não iria contra o instinto de manter o familiar?"

Pode ser que sim. Não é porque um instinto existe que não possa ser superado. Está aí o caso do de sobrevivência pra comprovar isso. Da mesma forma que se matar pode ser tornar tão interessante a ponto de superar o instinto de sobrevivência, mudar também pode ser tornar tão interessante a ponto de superar o instinto de permanecer no mesmo. Isso com qualquer instinto. Temos o instinto de colocar as mãos na frente do rosto quando vem uma bola em velocidade. Mas se te oferecerem uns 10 mil reais pra jogarem a bola na sua cara você supera esse instinto facilmente. Então o primeiro ponto é que instintos são superáveis.


O segundo ponto são os princípios motivadores do ser humano. A fuga da dor e a busca pelo prazer. Devemos considerar a opinião da pessoa sobre a mudança. Uma pessoa que fuma há 30 anos e quer parar de fumar. Ela está em busca de uma mudança, a mudança está proposta no positivo, de forma interessante. E mesmo assim ela provavelmente enfrentará muitas dificuldades impostas pelo próprio sistema interno. Que vai defender o estado atual. A pessoa quer a mudança, vê benefício na mudança, e mesmo assim o sistema prende ela de alguma forma ao como sempre foi. A teoria da dissonância cognitiva por exemplo explica bem esse instinto de permanecer no conhecido. É mais fácil arrumar um argumento para continuar acreditando no que já acredita do que assumir que errou e ter que conviver com isso.


Um dos fatos que faz a pessoa ter medo do desconhecido é porque o desconhecido é ruim. Ela imagina o desconhecido. E esse futuro imaginnado é horrível. Se a mudança fosse vista como sendo maravilhosa, ela teria menos medo. Agora pensa em alguém que está na mesma rotina solitária há 5 anos, há 10 anos. Ela começa a se incomodar. Começa a doer. Então o sistema da fuga da dor começa a agir. E perceba que ela ainda está presa ao mais do mesmo, é difícil sair. E então ela começa a pensar em alternativas. Em uma mudança pra melhor. Algo que satisfaria ela, a busca pelo prazer, talvez ter um romance, encontrar alguém. Anthony Robbins diz que uma mudança tem muito mais chance de acontecer se juntar os dois simultâneamente: a dor do que não quero com o prazer do que eu quero.

Ela então imagina que essa nova pessoa será uma estelionatária inescrupulosa que irá destruir sua vida? Não! Ela não pensa isso. Ela pensa que vai ser melhor. Ela cria uma imagem dela se sentindo bem. Se a imagem do futuro for ruim ela evitará. Mas uma imagem atraente tem mais chance de provocar uma mudança, ainda que continue difícil. Só que essa mudança não costuma acontecer da noite pro dia. Ela vai imaginando esse futuro melhor dia após dia. Até que esse novo futuro já não é mais desconhecido, agora esse futuro já lhe é familiar. Então a mudança está à um passo. Ela condicionou o cérebro a se familiarizar com um futuro desconhecido.


Resumindo. Quando uma mudança é experienciada internamente de forma positiva e agradável, o continuar como está se torna doloroso, o futuro se torna prazeroso e esse pensamento é realizado de forma que a mudança seja percebida como um acontecimento familiar, conhecido. Então a mudança se dá na prática. E isso normalmente não é do dia para a noite.



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